segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Exército no Pântano



Um exército inteiro sacrificado em um pântano

Um pântano dinamarquês abrigou um terrível segredo por milhares de anos.

Arqueólogos passaram todo o verão escavando uma pequena amostra do que acabou por ser uma fossa comum com restos mortais de mais de 1.000 guerreiros, que foram mortos numa batalha cerca de 2.000 anos atrás.



"Nós encontramos muitos mais ossos humanos dos que esperávamos", diz Ejvind Hertz, conservador do Museu Skanderborg. A descoberta de tal quantidade de ossos da Idade do Ferro tem atraído muito a atenção internacional porque os ossos estão surpreendentemente bem preservados. Além disso, a descoberta confirma a descrição das fontes romana sobre as práticas guerreiras dos Teutões. O sítio está localizado no humidal de Alken Enge perto do lago Mossø na península da Jutlândia.



Os ossos revelam feridas de arma
Cerca de 2.000 anos atrás, os guerreiros de Alken foram sacrificados a algum deus, que hoje desconhecemos. Os ossos foram depositados lá em um momento em que não era um pântano, mas sim, que era uma pequena bacia do Lago Mossø, criada por uma língua de terra que se projeta dentro do lago. Os arqueólogos tenhem escavado só uma área de 80-90 metros quadrados, embora o local se estende por um espaço de 3600 metros quadrados.



As escavações em zonas húmidas são muito costosas, já que a água precisa ser constantemente bombeada para fora. Além disso, as descobertas são tão densamente concentradas que leva muito tempo para ocupar-se de seu registo. A área que até agora tem sido escavada contém os fragmentos dos ossos de cerca de 240 homens com uma idade entre os 13 e 45 anos. Os ossos dos homens apresentam marcas de armas brancas como espadas e machados.



Um Prado cheio de guerreiros mortos
A bacia não escavada do pântano estende-se por uma enorme área que cobre quase 40 hectares e é acreditado poder conter os restos mortais de mais de 1.000 guerreiros. Quando se lhe pergunta sobre afirma que mais guerreiros estão enterrados lá, Hertz diz: "Nós sabemos de pessoas que recolhiam turfa aqui nos séculos XIX e XX e encontraram fragmentos de ossos, e nós também fizemos escavações de teste na bacia". Os arqueólogos não encontraram esqueletos completos, apenas partes de eles. Mas creem que o pântano pode conter muitos indivíduos diferentes, já que os seres humanos têm, por exemplo, apenas um fémur direito.



Os guerreiros foram deixados no campo de batalha
O exército pode ter sido derrotado e morto em um campo de batalha localizado longe do pântano de Alken. Hertz diz que, se fosse esse o caso, deve ter sido uma tarefa logística enorme para as pessoas da Idade do Ferro transportar os ossos para o lago. Os pesquisadores não podem dizer quando a batalha pode ter acontecido ou onde ocorreu. Muitos dos achados arqueológicos indicam que o exército procedia de longe. Mas, em princípio, o campo de batalha pode ter sido localizado num local próximo ao do sacrifício.



O sacrifício, porém, ocorreu muito tempo depois da batalha "Os ossos puderam ser sacrificadas meses ou até mesmo anos após os guerreiros forem mortos. Não o saberemos até que sejam cuidadosamente analisados", diz o conservador. "Numa fase inicial, podemos ver que os ossos têm marcas de mordedura sobre eles, e que parte das articulações foram arrincadas. Por tanto, não há dúvida de que os predadores estiverem em contacto com as partes dos corpos".



O achádego confirmar histórias de guerra
As marcas de mordida dos predadores indicam que os guerreiros mortos eram deixados para morrer ou apodrecer no campo de batalha, sem que ninguém se preocupar em enterrar ou até mesmo remover os corpos. Isto confirma partes do que nas fontes romanas se escreveu sobre as práticas guerreiras entre os europeus do norte no período em torno da época do nascimento de Cristo. Um dos maiores historiadores do Império Romano, Tácito (56 DC - 120 DC) descreveu o rescultado da famosa derrota de Varo na Batalha da fraga de Teutoburgo no 9 DC.



Tácito escreveu em seus Anais. "No meio da planície, os ossos descansavam espalhados e amontoados, dependendo se eles tinham fugido ou aguantado. Entre os ossos havia pedaços de lanças e membros do cavalo, as cabeças humanas estavam cravadas nas árvores. Nos bosques próximos havia altares bárbaros em que os tribunos e centuriões de primeira ordem eram sacrificados"
Sabemos, também, a partir das fontes que, quando os germanos venciam numa batalha, eles matavam todos os inimigos sobreviventes, exceto os poucos que mandavam de volta para anunciarem a derrota.

Muito poucas armas encontradas
Os arqueólogos não podem determinar a origem dos guerreiros mortos, porque eles têm-se encontrado muitas poucas armas no jazigo. Entre os numerosos fragmentos de ossos, eles só encontraram umas poucas pontas de seta, alguns restos de um escudo e um machado muito bem conservado.



Uma inestimável fonte de informação sobre Idade do Ferro
Os ossos são, contudo, de valor inestimável: "Esta é a primeira vez que algo assim foi encontrado no norte da Europa", diz Hertz. As condições das zonas húmidas com uma atmosfera livrem de oxigeno como Alken tem sido ótima, para preservação dos restos. "Os ossos estão completamente novos", diz ele. "Algum ADN debe quedar preservado, para que possamos ter um bom perfil destes homens da Idade de Ferro.



Assim mesmo uma análise antropológica dos ossos irá nos fornecer um retrato de sua dieta e sua aparência física".  Os pesquisadores estão-se aproximando a conclusão do projeto de escavação atual. Nos próximos meses, eles estarão juntamente com peritos internacionais analisando os muitos ossos topados



O projeto, intitulado The army and post-war rituals in the Iron Age – warriors sacrificed in the bog at Alken Enge in Illerup Ådal é obra da colaboração entre arqueólogos e geólogos do Museu Skanderborg, o   Museu Moesgård e o Instituto de Cultura e Sociedade da Universidade de Aarhus.

(Fonte: ScienceNordic 22-08-2012)


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